VejaRO

VejaRO

VÍDEOS: Ação de desapropriação atinge famílias com títulos de 30 anos em Rondônia
Operação da Força Nacional na divisa de São Miguel e Alvorada do Oeste ignora títulos do INCRA e gera destruição, alegam produtores

Por Redação
Publicado Ontem, às 08h
Atualizado Ontem, às 08h

Foto: portaldacidade

Uma operação de desintrusão (reintegração de posse) de terras na divisa dos municípios de São Miguel do Guaporé e Alvorada do Oeste, em Rondônia, está gerando um clima de desespero e revolta entre produtores rurais da região. A ação, conduzida por um comboio da Força Nacional, ICMBio, Ibama e Funai, resultou na derrubada de casas, barracões e currais, afetando famílias que afirmam possuir títulos de propriedade emitidos pelo INCRA há décadas.

Os eventos ocorrem na região da Linha 106 Norte, próximo à BR-429, conhecida como Serra da Onça. Moradores registraram a destruição e denunciaram o que consideram uma "covardia pura".

 

O Impacto da Operação

Vídeos gravados no local mostram a dimensão da destruição. Em uma das propriedades, pertencente a um morador identificado como "Seu Bené", a casa, o barracão e outras estruturas foram completamente derrubados. O mesmo ocorreu na propriedade de "Dona Lúcia", onde um curral foi destruído.

"Pessoal com documentos, com títulos, há 40 anos aqui, e o pessoal [as forças de segurança] não quer saber de nada. Chega passando o peito em todo mundo", desabafou um morador em um vídeo, enquanto filmava as estruturas já no chão.

As imagens são desoladoras: telhas de fibrocimento quebradas, vigas de madeira partidas, plantações de café ao fundo e até uma torre de metal (aparentemente de internet ou rádio) caída sobre os escombros.

Um cinegrafista amador que seguia o comboio relatou que os agentes se recusaram a dialogar com os moradores que protestavam. "O pessoal [autoridades] não quis nem ouvir as pessoas que estavam ali na frente da BR. Simplesmente colocaram as caminhonetes e desceram aqui a linha", narrou.

 

A disputa: Colonos do INCRA x Erro de demarcação

A defesa dos produtores, representada no local pelo advogado que acompanha o caso, argumenta que as famílias afetadas não são invasoras, mas sim colonas assentadas pelo próprio governo federal.

"Todos vieram aqui antes da Funai. Aqui chegou primeiro o INCRA. O INCRA colonizou, criou a Gleba Novo Destino e começou a autorizar as entradas em 84", explicou o advogado. "Todos [são] titulados, com títulos do INCRA. Então não são invasores, somos colonos."

Segundo o advogado, o conflito origina-se de um "erro técnico" na demarcação de terras indígenas realizada posteriormente pela Funai. O ponto central da disputa é o "Marco 26".

 

"A terra indígena foi criada como tendo como limite um rio. E o marco não tá no rio. Ele tá 3.635 metros distante do rio", afirmou. "O que tá acontecendo hoje é a Funai que tá invadindo a propriedade das pessoas."

O advogado classifica a operação, que cumpre uma ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), como um "erro de execução", pois estaria atingindo pessoas que possuem a documentação legal de suas terras. Ele ressalta que a situação ainda está "sub judice" (aguardando decisão judicial final) e lamenta a destruição das benfeitorias antes de uma resolução.

"Vão destruir benfeitorias. Como vai ser isso avaliado?", questionou, argumentando que, mesmo no pior cenário para os produtores, eles teriam direito à indenização pelas estruturas e pela terra.

Enquanto a operação avança pela Linha 106 Norte, as famílias assistem a décadas de trabalho e investimento serem reduzidas a escombros, presas em um conflito fundiário onde alegam ser as vítimas legítimas.

 

Gostou do conteúdo que você acessou? Quer saber mais? Faça parte do nosso grupo de notícias!
Para fazer parte acesse o link para entrar no grupo do WhatsApp:

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Aviso Este site acompanha casos policiais. Todos os conduzidos e/ou envolvidos são tratados como suspeitos e é presumida sua inocência até que se prove o contrário. Recomenda-se ao leitor critério ao analisar as reportagens e emitir algum juízo de valor.